Pertinho de Lisboa, Cascais nasceu como uma pacata aldeia de pescadores, como ficou até os idos do século 14, antes de receber condição de vila. Fundada oficialmente em 1364, é uma estância balnear que chama para escapar da cidade e aproveitar a natureza. Uma linda enseada, recheada de palacetes e praias, que caiu no gosto de turistas do mundo inteiro.
A localização estratégica, importante para resguardar a capital portuguesa de invasores, fez com que ali fossem erguidas grandes fortificações. A partir do século 19, o rei D. Carlos e a família real aí se instalam, encantados com a beleza da região. Nessa época também foi feita a ligação de trem entre Lisboa e Cascais, um impulso ao crescimento da cidadela.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Cascais foi o destino de personalidades, que desfrutavam do local como refúgio. Como exemplo, o Rei Humberto II de Itália e Antoine de Saint Exupéry, autor de O Pequeno Príncipe. A cidade também já desempenhou o papel de centro de espionagem e, dessa forma, inspirou o escritor e agente secreto britânico Ian Fleming a criar as aventuras de James Bond.
Com pouco mais de 97 km², a cidade não é muito grande. É constituída por quatro freguesias (bairros): Alcabideche, Carcavelos e Parede, Cascais e Estoril, e São Domingos de Rana. Mais central e mais cara, a região do Estoril exibe as construções mais luxuosas e as residências de alto padrão. Se a intenção é ficar perto do centro e economizar, a melhor ideia são as localidades de São Domingos de Rana ou Carcavelos e Parede.
Estar em Cascais, hoje com mais de 200 mil habitantes, é desfrutar de um eterno clima de férias, em um lugar banhado pelo Oceano Atlântico, de temperatura amena, pouca chuva, paisagens que não cansam de ser apreciadas, tudo isso com a pitada amável e acolhedora com que os moradores recebem quem chega.

Cidadela de Cascais
Entre os destinos prediletos dos visitantes, a Cidadela de Cascais está às margens do Rio Tejo. Reúne construções emblemáticas da região, como a Torre de Santo Antônio, o Forte de Nossa Senhora da Luz e o Palácio da Cidadela. É um espaço fortificado e, a princípio, a construção teve o papel de resguardar e defender a costa portuguesa de ataques marítimos. Em 1870, o complexo transformou-se na casa de verão dos reis de Portugal. Atualmente, ainda se destina a ser casa de veraneio para o presidente do país. É também a Cidadela de Cascais palco da inauguração da iluminação elétrica em Portugal, que aconteceu em 28 de setembro de 1878, em comemoração ao aniversário do então príncipe D. Carlos.
Farol Museu de Santa Marta
Única estrutura em Portugal que reúne espaços expositivos e a função de sinalização costeira, o Farol Museu de Santa Marta é um roteiro de cultura e lazer. Passou por uma reforma em 2007 e oferece, para o visitante, a oportunidade de conhecer a antiga residência do faroleiro, as plataformas das baterias, direcionadas para o mar, e o centro de documentação do Farol. É o cartão-postal de Cascais.

Baía e Marina de Cascais
No Centro de Cascais todos os caminhos levam ao mar. Largo principal da cidade, a Baía de Cascais, com suas ruelas cheias de lojas e restaurantes, guarda encantos. O lugar reúne diferentes eventos que acontecem ao longo dos anos, como os festivais de música no verão ou os mercadinhos de Natal. Mirando o litoral, no percurso pelo lado direito da Baía, se alcança a Cidadela de Cascais, onde está a Marina. Aí também ficam lojas, bares e restaurantes, e são realizados eventos de vela, lugar preferido pelos praticantes devido à posição privilegiada. A Baía e a Marina exibem os traços que caracterizam o local de partida e chegada de barcos, que atracam na região.

Forte de Cascais
No complexo fortificado da Cidadela de Cascais, estão a Torre de Santo Antônio, o Forte de Nossa Senhora da Luz e o Palácio da Cidadela de Cascais. Sobre o Forte de Cascais, sabe-se que a construção teve início em 1594. Como retrato das ideias inovadoras dos arquitetos militares italianos à época, a torre quatrocentista recebeu três baluartes que passaram a envolvê-la, e o traçado arquitetônico também se caracteriza pela planta triangular. O terremoto de 1755 abalou a estrutura severamente. Uma porção da antiga torre desmoronou. Agora, o que se vê são as bases dos arcos, assim preservadas.
A Torre de Santo Antônio, conservada no interior da fortaleza, sem ter sido destruída, começou a ser edificada no fim do século 15. A exemplo de outras erguidas no decorrer do reinado de D. João II, como a da Caparica e a de Belém, guarda características de transição entre a arquitetura medieval e a abaluartada.
Ainda na Cidadela, a história mostra que, em 1871, o rei D. Luís adaptou a casa dos governadores e a destinou a ser residência de verão da família real. Com o rei se juntou a corte, e o lugar caiu na preferência da aristocracia, que construiu belos palácios, que então definiram nova vida à região. Foi nessa casa que o rei D. Luís permaneceu durante sua doença e faleceu, em 1889.

Parque Municipal
Criado na década de 1940, o Parque Marechal Carmona é tido como um dos pulmões de Cascais. É fruto da junção dos jardins do Palácio Condes de Castro Guimarães, cujo museu está localizado nas imediações do parque, e os terrenos do Visconde da Gandarinha. Com um jeitão romântico, tem recantos que certamente vão agradar os namorados, no parque que também é preferido pelas famílias. Aí estão dois parques infantis, para bebês e os mais crescidinhos. Patos, galos e pavões por ali passeiam sem timidez, esperando o alimento que os guardas não deixam ninguém dar. Outro destaque é o grande relvado para apanhar banhos de sol.
Mercado da Vila
O Mercado da Vila de Cascais, originalmente construído em 1952, é resultado da revitalização do mercado tradicional da cidade, realizada em 2013. O novo espaço ganhou lojas e restaurantes. Aí se encontram flores, frutas e legumes frescos, carnes e frutos do mar, além de peças de vestuário, artesanato e itens domésticos. O mercado também abriga feirinhas com produtos regionais, e feiras temáticas que acontecem todos os meses. Um lugar que respira a identidade da cidade.
Bairro dos Museus
Nos arredores da Baía de Cascais, o Bairro dos Museus, epicentro cultural da vila dedicado à arte, abriga mais de dez museus e parques, inclusive palacetes que já serviram como moradas de verão para a aristocracia portuguesa. Entre eles, o Museu Condes de Castro Guimarães (que exibe peças antigas, como porcelanas orientais e mais de 25 mil livros) e o Palácio da Cidadela, que ainda hoje preservam a decoração original. No Museu do Mar, a história naval e pesqueira de Cascais é narrada por meio de exposições interativas. A região guarda ainda a Casa Sommer, o Centro Cultural, a Casa de Santa Maria, o Museu da Música Portuguesa, o Espaço Memória dos Exílios, farol, fortaleza e forte. Com destaque para a arquitetura inusitada, a Casa das Histórias Paula Rêgo, desenhada pelo conceituado arquiteto português Eduardo Souto Moura, se dedica à magnífica obra da pintora.
Praias de Cascais
Chegando ao centro de Cascais, quase todas as ruazinhas levam às praias, celebradas por todo seu charme. Mais desertas ou as mais badaladas, são 17 praias na região, em cerca de 30 quilômetros de litoral. Acompanhando o paredão na orla, o caminho começa na Praia da Conceição, passa pela Praia da Duquesa e pela Praia das Moitas, seguindo assim até o Estoril, onde estão a Praia do Monte Estoril e a Praia do Tamariz, de frente para o Cassino do Estoril. Percorrendo a beira-mar de Cascais a Estoril, também estão a Praia da Ribeira, Praia da Rainha, Praia da Poça, Praia da Azarujinha e a Piscina Oceânica. A região é point de diversão no verão, com bares, restaurantes e boates ao ar livre. Para praticantes de stand up paddle, a enseada pode ser explorada de uma perspectiva diferente. E tem opção de praia para todos. Menores, mais abertas, para surfistas, para famílias, mais acessíveis e também mais distantes, seja qual for a intenção, o passeio é imperdível.

Pedalar pela ciclovia à beira-mar
Passear de bicicleta ou de patinete pela ciclovia que liga as proximidades da Praia de Santa Marta e a Praia do Guincho, passando pela Boca do Inferno, é mais um programa interessante para se fazer em Cascais. As bicicletas e os patinetes estão disponíveis para aluguel no centro da vila (há um ponto em frente à estação de trem) e podem ser usadas para ir até a Boca do Inferno, sendo que o trecho inicial não conta com ciclovia. Se a ideia é chegar à Boca do Inferno caminhando, a bicicleta e o patinete podem ser alugados nos aplicativos específicos (Bird) e na Mobi Cascais, localizada a cerca de um quilômetro depois da Boca, em direção à Praia do Guincho.
Cenário digno de cinema, a Praia do Guincho, pouco mais distante do centro, é uma das preferidas de Cascais. O panorama para a Serra de Sintra, o areal que adentra o mar. Tudo o que merece ser desfrutado. Ondas e ventos fortes fazem da praia lugar ideal para campeonatos de windsurf, kitesurf, surf e bodyboard, ou para os iniciantes. Depois de aproveitar um delicioso dia de praia, o Bar do Guincho é a melhor pedida para vislumbrar o sol se pondo às águas.
O mar revolto que há séculos encontra a falésia, fazendo nascer cavernas, faz da chamada Boca do Inferno um espetáculo em contínua transformação. O lugar, distante apenas dez minutos a pé do Bairro dos Museus, não pode faltar na lista de quem vai a Cascais. É um cenário majestoso que demonstra a força inexorável da natureza.
Um tipo de arco em formato de boca em um enorme paredão rochoso, a Boca do Inferno, além de apreciada para o turismo, guarda lendas ancestrais, que tornam o lugar ainda mais curioso. Contam que um mago avistou do alto de seu castelo a amada fugir com um cavaleiro. Tomado pela raiva, abriu o buraco no paredão, engolindo os amantes. Com isso, o buraco ficou aberto e nunca mais se fechou. Fato é que se trata de uma gruta formada há milhares de anos que, com a força das ondas, viu a parede rochosa ceder, originando o formato atual.
Cassino Estoril e Praia de Carcavelos
Por ali mesmo, seguindo a linha do trem, entre Lisboa e Cascais, não pode faltar a visita ao Cassino Estoril e à Praia de Carcavelos. Percorrendo pouco menos de três quilômetros pela beira do mar, começando na praia da Conceição em Cascais e andando pelo paredão até chegar na Praia da Azarujinha, em São João do Estoril, o visitante pode, mais do que conhecer as charmosas praias e piscinas oceânicas, tomar um café em uma das esplanadas ou aproveitar para se exercitar nos equipamentos de esporte, explorar o Cassino do Estoril. Além das salas de jogos, o lugar recebe espetáculos de todos os jeitos – vale dar uma olhada na agenda para programar uma noite diferente.
De areia macia e dourada, a Praia de Carcavelos, por sua vez, também está entre as mais procuradas na região de Cascais, e é referência para o surf. Ideal para relaxar e curtir bons momentos com a família e os amigos, além de bela, Carcavelos é a primeira praia oceânica depois da foz do Rio Tejo. Conhecida pelo ritual de “primeiro banho do ano”, tradição que se realiza no Ano Novo desde 1950, é ainda a praia mais perto da cidade. Com 1 quilômetro de extensão, quase nunca fica insuportavelmente cheia. No paredão em que se distribuem bares, restaurantes e outros serviços, abertos até tarde, um refúgio para renovar a bateria.
Onde comer
Cascais tem diversas opções de restaurantes, com uma gastronomia plural para todos os paladares. Como não poderia deixar de ser, a proximidade do mar explica a oferta de peixe e marisco, que não podem ficar de fora do cardápio. Mas a cozinha da cidade não se encerra assim. Pelo contrário, extensa e colorida, esbanja versatilidade. A chamada Rua Amarela, com seu burburinho em particular, tem tudo o que se pode comer e beber na via mais cool de Cascais. De comida indiana a hambúrgueres gourmet, e pratos que representam todos os continentes, tem para todo mundo.
O lugar era primeiro conhecido pela convidativa frase “Todos para a rua!”, reunindo vários bares e restaurantes. Foi em 2020, no tempo da pandemia, que o nome mudou para ser apenas a Rua Amarela, cor que simboliza a nova vida que ganhou uma das zonas mais icônicas da vila. A essência do lugar manteve-se trendy e cool – diferentes propostas culinárias abrem os braços para receber todos os que por ali passam. O único problema é que, com tamanha diversidade, é difícil saber o que pedir.
Uma dica é a Taberna Clandestina, fruto do desejo de três amigos de Cascais e um italiano de abrir um espaço de tapas na vila. Com o vinho entre as estrelas do espaço na Rua Amarela, a pegada é essencialmente mediterrânica, com uma inclinação especial para a Itália. Em destaque, as bruschettas, que aparecem em cinco versões: a bruschetta clandestina, com tomate Cherry, queijo burrata, manjericão e pesto; a bruschetta portuguesa, com queijo da Serra e linguiça gratinados; a bruschetta de queijo Taleggio e Salame Finocchiona Toscana; para os vegetarianos existe a bruschetta vegetariana com alcachofras, legumes grelhados e porcini; e, por último, a bruschetta de queijo fresco “stracchino” e salmão vermelho selvagem do Alaska.

Onde ficar
Sobre o mar, perto da Boca do Inferno, da Marina de Cascais e o centro histórico, o hotel Vila Galé Cascais aproveita a localização privilegiada. Com 233 quartos e suítes, de dimensões generosas e com a visão descortinada para o Oceano Atlântico, o hotel foi revitalizado em 2009. O complexo reúne restaurante com estação de show cooking, dois bares, salas de eventos com luz natural, espaços de massagens e tratamentos estéticos. Por fora, os hóspedes desfrutam de jardins, a piscina e, para os mais novos, o parque infantil.
Dali, logo se pode fazer um passeio pelo coração de Cascais, percorrendo a Rua Direita, principal artéria comercial da pitoresca cidade. Também é fácil chegar à Casa das Histórias de Paula Rêgo, caminhar pela Marina ou ir à Boca do Inferno e à Praia do Guincho. Nas proximidades do Vila Galé Cascais é possível ainda jogar golfe ou praticar surf, bodyboard e kitesurf.
Como chegar
O trem é a melhor opção para chegar a Cascais partindo de Lisboa, percorrendo os 30 quilômetros de distância que separam as cidades. Os trens da Linha Cascais partem diariamente da Estação Cais do Sodré, em Lisboa, em intervalos médios de 15 minutos entre as viagens, que se destinam a Cascais no ponto final. No caminho, há que se apreciar as paisagens que cercam com Rio Tejo, que aos poucos cedem espaço para a imensidão do Oceano Atlântico. A viagem leva pouco mais de 30 minutos.
Se a intenção é ir direto para o centrinho de Cascais, a dica é descer na última parada do trem, na Estação Cascais. Para quem quer visitar algumas das praias da região, o melhor é desembarcar na Estação Monte Estoril, e dali fazer o percurso até Cascais caminhando pelo Paredão, a calçada junto à orla.
Para um roteiro ainda mais completo pela beira-mar, passando também pelas praias de Estoril, a descida pode ser na Estação São João do Estoril. Aí o percurso começará pela Praia da Azarujinha, Praia da Poça, Praia do Tamariz, Praia do Estoril, até chegar à Praia das Moitas e à orla de Cascais.
Se a ideia é ir de carro de Lisboa para Cascais, são duas as rotas: pela Linha, a estrada que segue às margens do Tejo e do mar, ou pela autopista A-5, mais rápida. Uma vez em Cascais, o veículo pode ser deixado no estacionamento subterrâneo do Largo da Estação, e o turista pode conhecer a vila a pé. Uma outra opção é utilizar os serviços de aplicativos, como Uber e Bolt.


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