Uma das maiores cidades da Europa, Madri tem cerca de 3,3 milhões de habitantes. A capital da Espanha é conhecida pelas ruas e avenidas elegantes, os ricos acervos de arte e cultura, os lindos parques e jardins, estilosos bares e restaurantes, sofisticados centros de compra, igrejas, museus, sedes do poder, o casario tradicional, a arquitetura que salta aos olhos.
Em uma lista infinda de atrativos, um passeio entre os traços modernos e as construções históricas, para agradar turistas do mundo inteiro. A cidade é a sede da Organização Mundial do Turismo, já foi eleita a 10ª mais habitável do planeta, e figura na lista das 12 localidades mais verdes do continente europeu. O espanhol é a língua oficial e a moeda o Euro. Na diferença de fuso horário, Madri está a quatro horas a mais que Brasília.

São paisagens urbanas edificadas ao longo da história, testemunhas de épocas distintas. Há registros de ocupação da região ainda na pré-história. O primeiro documento histórico, acerca da existência de um povoado onde hoje é a cidade, remonta à era muçulmana, na segunda metade do século 9, mas as primeiras referências oficiais de civilização datam do século 11. Foi em 1561 que o rei Filipe II transferiu a corte de Sevilha para Madri, que assim foi elevada ao lugar de capital do país.
Representando Minas Gerais, voltamos a Madri dez anos depois, para participar da Feira Internacional de Turismo, uma das maiores do tipo do mundo, e o Madri Fusión, importante evento gastronômico. E também para passear, é claro! Passamos dez dias que não vão sair da memória. Basta uma caminhada pelo Centro para viajar pela atmosfera madrilenha, um misto de contemporaneidade e toda a riqueza de uma narrativa contada ao longo dos anos, ainda em movimento. Uma surpresa em cada esquina. Um lugar, antes de tudo, de efervescência.

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O QUE FAZER EM MADRI


1 –
Praça Maior

Símbolo de Madri, a Praça Maior é parada obrigatória. O início da construção é do século 17, por determinação do rei Felipe III, que tem uma estátua no local. Assinam a obra em estilo barroco Juan de Herrera e Juan Gómez de Mora que, em 1617, ficaram responsáveis por rodear a praça de edifícios. A enorme esplanada está no Centro da cidade, perto da Porta do Sol e do Palácio Real.
Quando Madri ainda não era cortada por grandes ruas e avenidas, existia ali uma primeira praça, a Plaza del Arrabal, onde estava o mercado popular da vila, e só no tempo da corte de Felipe II a intenção de construir a praça, como seria até hoje, foi aventada.
A Praça Maior já assistiu touradas, festas, atos de fé, e diferentes manifestações populares. Com prédios de até três andares em todo seu entorno, a entrada é através de nove pórticos, sendo o chamado Cuchilleros o mais conhecido deles. Edificada em 1590, a Casa da Padaria é o primeiro edifício que surgiu por ali.
A Praça Maior vivenciou três incêndios e foi reconstruída três vezes. Na última vez que isso aconteceu, ficou determinado a altura atual das construções ao redor, que antes chegavam a até cinco andares. Com enorme potencial para o turismo, a praça conta uma parte importante da história de Madri. As redondezas também são recheadas de atrações.



2 – Mercado de São Miguel

Escolha o petisco, seu vinho preferido, e aproveite o passeio no Mercado de São Miguel. Verduras e frutas frescas, legumes, queijos, peixes, carnes e embutidos, além de vinhos, cervejas e cafés, fazem do local referência gastronômica em Madri. A proposta é que o visitante desfrute dos espaços coletivos degustando todas essas delícias. Estrelas da festa, as tapas, celebrados aperitivos da culinária espanhola, aparecem no mercado em diversidade, do tradicional jamón, cortado com perfeição, a salmão cru, das vegetarianas ao foie gras de bacalhau.

Se a ideia é uma refeição mais completa, tem também. E, nas bancas mais próximas da entrada do mercado, as sobremesas são uma ótima pedida. De dia ou à noite, estar no Mercado de São Miguel, que fica perto da Praça Maior, na Praça de São Miguel, no centro histórico, é uma experiência em particular.
O projeto original do mercado é de 1835, mas a inauguração de fato aconteceu em 1916. Foram anos prósperos, antes que o movimento diminuísse. Houve a ideia de demolir o mercado para construir outro mais moderno, mas isso não aconteceu. Ao contrário, um processo de revitalização devolveu toda a vida ao mercado, que reabriu em 2009 com fôlego novo, um recomeço. Agora, é um dos pontos turísticos mais emblemáticos de Madri.

Estão aí lojas e barraquinhas com rica oferta de produtos. Os espaços para as refeições são coletivos, com mesas para serem divididas, e assim também uma oportunidade para conhecer pessoas de todas as partes. À noite, um lugar de boemia.  Além da cozinha local, a beleza do mercado, todo estruturado em ferro (um dos únicos mercados feitos com o material que ainda resistem na Europa) é uma atração por si só. Os detalhes da arquitetura ajudam a conhecer a cidade.


3 – Praça da Villa

Incrustada no coração de Madri, a Praça da Villa é um expoente da arquitetura da cidade. Uma multiplicidade de estilos, que perpassa uma linha do tempo entre os séculos 15 e 18, caracteriza os edifícios do entorno.
A Casa de la Villa, erguida em 1640, é um deles. Concebida por Juan Gómez de la Mora, está onde era uma prisão e hoje se trata de um grande salão. Aí estão lindos afrescos do século 17 de Antonio Palomino e encantadores tetos de vitrais.

Monumento mais antigo da praça, a La Torre de los Lujanes data do século 15, em traços que levam ao gótico. Notável pela fachada principal, em referências ao Renascimento, La Casa de Cisneros foi construída em 1537. Em lugar de protagonista, está na praça a estátua do marquês de Santa Cruz,  Álvaro de Bazán, de 1888, feita por Mariano Benlliure. O almirante coordenou a tentativa de invasão da Inglaterra pela Armada espanhola e a obra, de três metros de altura, fica sobre uma plataforma de mármore.

A tranquila praça, que serviu como o centro do governo de Madri por séculos, é um lugar imperdível para conhecer na capital espanhola.


4 – Catedral de Almudena

Edifício religioso mais importante da capital espanhola, a Catedral de Almudena foi, em 15 de junho de 1993, a primeira catedral consagrada fora de Roma, pelas bençãos do Papa João Paulo II. A construção data de 4 de abril de 1883, com a colocação da pedra fundamental pelo rei Alfonso XII, e projeto do arquiteto Francisco de Cubas.

A inspiração inicial é do desenho gótico francês do século 18, com elementos das catedrais de Reims, Chartres e León. O projeto, que incluía pela primeira vez uma grande cripta românica, serviu de base para a construção definitiva. Com a morte do arquiteto, outros profissionais seguiram com as obras e, ao longo do tempo, os critérios estéticos se alteraram e não se considera mais adequada a classificação do estilo gótico.

No Centro de Madri, com 102 metros de comprimento e 73 metros de altura, e agora uma arquitetura que mistura os conceitos do neoclássico no exterior, neogótico no interior e neo românico na cripta, a catedral também dispõe de um museu que aloja os padroeiros da cidade, a Virgem de La Almudena e San Isidro Labrador, que percorre a história da Igreja através dos sete sacramentos.

O interior convida à apreciação em detalhes e pela singularidade em relação a outras catedrais. Tetos e vitrais saem do estilo clássico para lançar mão de cores vivas e linhas retas. No museu da catedral, a história da diocese de Madri é contada em dezenas de objetos. Nas 12 salas, mosaicos e escudos episcopais e riqueza em ornamentos.


5 – Palácio Real

Também chamado Palácio de Oriente, o Palácio Real de Madri foi edificado no século 18 e é a residência oficial da Família Real Espanhola. Atualmente, recebe exclusivamente recepções, cerimônias e atos oficiais, já que os reis da Espanha moram no Palácio da Zarzuela.

As obras tiveram início em 1738 e seguiram por 17 anos. Com a conclusão, Carlos III estabeleceu aí a residência habitual, em 1764. O palácio foi instalado onde era antes o Palácio dos Áustrias, destruído por um incêndio em 24 de dezembro de 1734.
Com uma área de 135 mil metros quadrados e 4.318 quartos, é rodeado por áreas verdes. São os jardins do Campo de Moro, da Idade Média, e os jardins de Sabatini, do século 20, grandes atrativos do Palácio Real. Na primeira quarta-feira de cada mês, acontece a troca da guarda, que pode ser apreciada pelos turistas, que ainda têm a opção de participar de visitas simples ou guiadas durante todo o ano.

A visita típica prevê a ida aos salões oficiais (preservados e com muito estilo, cada um com sua identidade em particular, com destaque para a sala do trono), conhecer o arsenal real (armaduras, escudos e armas de tipos variados, uma das coleções mais emblemáticas do mundo) ou a farmácia real (centenas de frascos de diferentes formas e tamanhos que são uma volta no tempo).

Estão aí coleções de tapeçaria, porcelana, mobiliário, relógios, pinturas, esculturas e outras obras de arte de importância histórica. Entre escadarias, salões de variados usos (como os que abrigam porcelanas, para refeições ou cheios de espelhos), capelas, bibliotecas, pátios, aposentos de uso privado, e muito mais, tudo convida a estar novamente em outras épocas e perceber características que ajudam a formar a personalidade de Madri.

6 – Jardins de Sabatini

Sopro de paz no meio da agitação da cidade, os Jardins de Sabatini são um bálsamo de tranquilidade. Criados nos anos de 1930, estão no lado Norte, entre o Palácio Real, a Calle de Bailén e a Cuesta de San Vicente. De desenho francês, estilo neoclássico e traços geométricos, estão no local destinado às cavalariças construídas por Sabatini para o Palácio Real – daí o nome.

Apesar de assim batizados, não foram projetados por Francesco Sabatini, mas são instalados sobre os estábulos do Palácio Real, que anos atrás haviam sido desenhados pelo arquiteto.
São enfeitados por um lago, canteiros, esculturas, gramados e fontes de água e, ao redor, algumas das estátuas de reis espanhóis que seriam direcionadas para coroar o Palácio Real, mas que não foram colocadas no lugar intencionado, já que o peso seria excessivo para a estrutura do palácio.
Os jardins surgiram após a proclamação da Segunda República, e compreendem mais de dois hectares, com uma pegada ornamental. No verão, são palco para os concertos e espetáculos de “Los Veranos de la Villa”.


7 – Praça de Espanha

Depois de dois anos e meio de obras, a Praça da Espanha recuperou todo seu esplendor. É local de interesse turístico, agora mais verde, sustentável e acessível. Situada ao final da Gran Via, liga os diferentes espaços públicos desta zona da cidade: a Plaza de Oriente, os Jardins de Sabatini, o Campo del Moro e Madrid Río.

A nova praça está em uma área de mais de 70 mil metros quadrados. Durante a revitalização, foram plantadas mais de 1,1 mil novas árvores, abertos mais de 3 quilômetros de ciclovias nos passeios e perto de 400 metros de via para ciclistas em espaços livres de trânsito automóvel, além da criação de amplas zonas destinadas às crianças.

Está aí o popular Monumento a Cervantes (obra de Rafael Martínez Zapatero e Lorenzo Cullaut Valera, inaugurada em 1915), além de outras duas fontes: uma de criação recente, a Fuente del Cielo, em mármore de macaúba, inspirada nos céus de Madri, e a Fuente de la Concha ou do Nascimento da Água, anteriormente situada em frente do Edifício Espanha.

No decorrer das obras, foram descobertos importantes restos arqueológicos, assim integrados na praça para serem visitados pelo público. Quem vai ao local pode contemplar dois pisos do Palácio de Godoy, os contrafortes das antigas Cavalariças Reais, junto aos atuais Jardins de Sabatini, assim como os restos do ‘caminho de ronda’, do antigo quartel de San Gil.

A praça está rodeada por dois arranha-céus símbolos da cidade: a Torre de Madrid e o Edifício Espanha, que abriga hoje o luxuoso hotel Riu Plaza España. Estes dois edifícios conformam um dos conjuntos arquitetônicos mais curiosos da capital espanhola.

8 – Templo de Debot

Testemunha de 2,2 mil anos de história, originário do antigo Egito, o Templo de Debod é um tesouro de Madri. Situado a oeste da Praça de Espanha, ao lado do Parque do Oeste, é um regalo do Egito à Espanha por sua colaboração no salvamento dos templos de Núbia. Com auxílio de outros países, o Egito conseguiu salvar, entre outros, o Templo de Abu Simbel, que teria ficado sepultado na construção da Grande Represa de Assouan.

Após dois anos de reconstrução, o Templo de Debot abriu as portas em 20 de julho de 1972. A ausência de boas plantas arquitetônicas para orientar a montagem (algumas pedras foram perdidas no desmonte e transporte para as terras espanholas) dificultaram o processo. Nas primeiras décadas que se seguiram à inauguração, o templo não recebeu os cuidados que merecia, e a região foi até tida como insegura.

Agora, a prefeitura direcionou esforços para melhorar a conservação e a segurança do Parque do Quartel da Montanha. Com jardins ao redor, o lugar é preferido para piqueniques e, ao entardecer, é ainda mais encantador. Por dentro da estrutura de dois andares, informação sobre a mitologia e sociedade egípcias e explicações sobre os hieróglifos, incluindo maquete representando todos os templos de Núbia.


9 – Gran Vía

Construída entre 1910 e 1929 como ligação entre os bairros de Salamanca e Argüelles, a Gran Vía é o boulevard mais famoso da capital espanhola. A grande avenida reúne lojas, restaurantes, cinemas e edifícios icônicos da cidade. Ao longo da história, já foi chamada de Avenida de Rússia, Avenida de Quinze e Meio e Avenida de José Antonio.

O projeto de construção levou décadas até ser concluído. Os desenhos iniciais datam de 1862, quando parte do centro histórico madrilenho começou a ser delineado, mas o design final é de 1899, assim que o projeto foi apresentado pelos arquitetos José López Salaberry e Francisco Octavio Palacios.
Iniciadas em 1910, as obras seguiram até 1929, ano da conclusão. Uma das intervenções mais importantes do país, a construção da Gran Vía  demandou a demolição de mais de 300 casas e impactou quase 50 ruas. É agora o ponto de conexão entre o Centro de Madrid (Rua Alcalá) e o noroeste da cidade (Praça de Espanha). Entre os prédios mais conhecidos dessa mítica avenida, estão o Edifício Metrópolis e o Edifício Carrión.


10 – Portas do Sol

Ponto de encontro entre madrilenhos e turistas, a Portas do Sol é uma das mais conhecidas praças de Madri. Também reúne os prédios mais importantes da capital, como o Quilômetro Zero. Ocorrida em diferentes etapas, a obra começou com a construção da Casa de Correios, no século 18, o edifício mais antigo da praça, onde atualmente está a sede da Presidência da Comunidade de Madrid.
Entre 1857 e 1862, a praça recebe seus contornos definitivos pelas mãos dos arquitetos Lucio del Valle, Juan Rivera e José Morer, que projetaram os demais edifícios no local. No século 20, foram incluídos os jardins e a fonte, assim como a ampliação da zona de pedestres.
Entre os principais pontos turísticos da Portas do Sol, estão a estátua do Urso e do Medronheiro, na entrada da Rua Alcalá, instalada em 1967, um dos lugares de encontro mais populares de Madri, o Relógio da Casa de Correios, conhecido em todo o país por ser o lugar que recebe as badaladas de fim de ano desde 1962 (aí se reúnem todos os anos milhares de pessoas para comer as tradicionais uvas da sorte e celebrar o ano novo), e o Quilômetro Zero, onde começam as estradas radiais espanholas. A Portas do Sol também foi palco de alguns episódios marcantes na história de Madrid, entre os quais a proclamação da Segunda República, em 1931.


11 – Praça de Santa Ana

No Barrio de las Letras, acolhendo as esculturas de dois dos dramaturgos mais importantes da literatura espanhola, Calderón de la Barca e García Lorca, em duas figuras que olham para a fachada do Teatro Espanhol, ao longo da história de Madri a Praça de Santa Ana esteve intimamente ligada às artes teatrais. Aí se formaram os primeiros “Corrales de Comedias” da vila, apresentando grandes dramaturgos da época.

Do século 16 ao 17, foi frequentada pelos artistas mais importantes de cada tempo. No lado oposto da praça, está o majestoso hotel ME Reina Victoria, inaugurado em 1923 sob o nome da mulher do rei Afonso XIII de Espanha. Nos quartos luxuosos, se hospedaram personagens ilustres da música, do cinema e das touradas. E tem mesmo sempre algo a ver por ali. Ao longo do dia, todo o encanto da praça, mas a iluminação ao cair da noite e o ambiente dos terraços merecem uma visita noturna.


12 – Estação de Atocha

Em fevereiro de 1851 era aberta a segunda linha ferroviária da Espanha, unindo Madri a Aranjuez, surgindo assim a primeira estação de trem da capital espanhola, a chamada Estação de Atocha. Depois ampliada em 1865 e em 1892, desse último ano pertence seu elemento mais característico: a cobertura da nave principal que, desenhada pelo engenheiro Saint-James, tem 152 metros de largura, 48 de vão e 27 de altura.

Após a reforma coordenada por Rafael Moneo entre 1984 e 1992, atualmente a Estação de Atocha é um complexo formado por duas estações, a antiga, usada para escritórios e um complexo comercial e de lazer, onde está um jardim tropical com mais de 7 mil plantas de 400 espécies, e a nova, voltada ao tráfego ferroviário.

Da estação, que inclui trens nacionais e internacionais, partem dois passeios turísticos interessantes: o Tren de la Fresa, que vai para Aranjuez e recria o primeiro comboio saído de Atocha – composto por uma locomotiva a vapor histórica de meados do século 20, dois vagões da década de 1960 e quatro carruagens construídas entre 1914 e 1930 – e o Tren de Cervantes, que permite descobrir Alcalá de Henares, localidade natal do autor de Dom Quixote.


13 – Museu do Prado

O Museu do Prado é um dos abrigos da arte mais significativos do mundo, obra de Juan de Villanueva, aberto em 1819. No acervo, essencialmente pinturas dos séculos 16 a 19. Obras-primas de pintores como Velázquez, El Greco, Rubens, Hieronymus Bosch e Goya ornamentam as paredes desse centro de cultura.

Alguns exemplos dos expoentes da pintura aí encontrados são:  As Meninas, de Velázquez, o 3 de maio de 1808 em Madri: os fuzilamentos na montanha de Príncipe Pío, de Goya, O Cavaleiro da Mão ao Peito, de El Greco, As Três Graças, de Peter Paul Rubens, e Saturno devorando um filho, de Goya.
Para os amantes de arte, é bom dedicar pelo menos uma manhã para ver as principais salas e trabalhos artísticos. Mas, para quem não é tão atraído assim pela arte, do mesmo jeito uma sugestão é aproveitar o horário de entrada gratuita para ver o museu por dentro e admirar os quadros mais importantes. Ali perto, o visitante pode seguir para o Parque do Retiro e relaxar respirando o ar puro em um dos principais parques de Madri.


14 – Parque do Retiro

Refúgio de história e para desfrutar momentos de tranquilidade, o Retiro é o parque mais celebrado da cidade. Foi aberto ao público em 1868, e hoje, apreciado pelos turistas assim como pelos nativos, pode ser chamado o pulmão de Madrid. São 118 hectares de um riquíssimo espaço verde.
Criado na metade do século 17, é um parque urbano feito primeiro para o desfrute do rei Felipe IV. Teve algumas porções destruídas durante a Guerra da Independência, mas retomou todo o encanto e elegância, se transformando em um parque para o povo e para a realeza.
No parque são realizados espetáculos de marionetes, onde também músicos e videntes são algumas das distrações habituais. Entre as atrações do Retiro, o lago artificial, onde o visitante pode alugar barquinhos com remos ou fazer um passeio no barco grande, o monumento a Alfonso XII, em uma das margens do lago anterior, inaugurado em 1922, onde, aos domingos, músicos ficam ao redor tocando instrumentos, o Palácio de Cristal, construído em 1887, inicialmente usado como estufa, e atualmente sede de exposições temporárias, e o Passeio da Argentina, popularmente o Passeio das Estátuas, que perpassa estátuas de diversos reis da Espanha, de início requisitadas por Fernando VI para decorar o Palácio Real.
O Retiro é um dos lugares prediletos das crianças em Madri. O passeio de barquinho, o show de marionetes e os atores fantasiados de personagens infantis, os escorregadores e balanças em várias áreas do espaço, fazem a alegria da garotada.


15 – Praça de Cibeles

Rodeada por lindos jardins, a Praça de Cibeles está no Centro de Madri, no encontro entre o Paseo del Prado e a Calle Alcalá, e é um dos espaços icônicos da cidade. Adornada por uma bela fonte, tem no entorno imponentes edifícios construídos entre o final do século 18 e início do 20.
Assinada pelo arquiteto Ventura Rodríguez em 1782, a fonte representa a deusa Cibeles sobre uma carroça puxada por leões. A princípio, a fonte cumpriu a função de fornecer água para os moradores. Em 1895, foi transferida ao centro dessa praça e passou a exercer papel decorativo.

As celebrações do time de futebol Real Madrid em Cibeles também são um clássico do esporte na cidade, no local escolhido ainda para outras comemorações esportivas, como as da Seleção Espanhola de futebol e de basquete.

Entre as construções que rodeiam a praça, o majestoso Palácio de Cibeles, antes chamado Palácio das Comunicações, é um dos mais representativos da história de Madri. Inaugurado em 1919, abrigou a sede central dos Correios até ser reformado para receber a Prefeitura e um centro cultural. O mirante e o restaurante da parte superior têm boas vistas do Centro.
O Palácio de Buenavista, feito em 1777 como residência dos duques de Alba, é rodeado por árvores e é a sede do Quartel General do Exército. Inaugurada em 1891, a sede central do Banco de Espanha conta com um imponente exterior e interior adornado por pinturas de Goya, Mengs, Maella e Vicente López. O Palácio de Linares, datado de 1900 sob as ordens do marquês de Linares, anos mais tarde foi restaurado para se tornar a Casa de América, instituição que se propõe ao fomento das relações culturais entre a Espanha e os países ibero-americanos.


16 – Portas de Alcalá

No início da Rua Alcalá, na Praça da Independência, estão as Portas de Alcalá, monumento importante de Madri, e também cenário obrigatório para uma boa fotografia. A obra data de 1778, assinada por Francisco Sabatini, arquiteto italiano que viveu na Espanha e deixou seu carimbo em lugares tão celebrados quanto os jardins do Palácio Real.

Essa é uma das cinco portas reais de acesso à vila e testemunhou a história recente de Madri. Se tornou praça em 1889. Antes dela, havia outra Portas de Alcalá de tijolo, mas Carlos III mandou que fosse derrubada e reconstruída na Praça da Independência. É o primeiro arco do triunfo construído na Europa depois da queda do Império Romano, anterior a marcos como o Arco do Triunfo, de Paris, ou o Portão de Brandemburgo, de Berlim.

O nome, também como a rua assim batizada, se deve por ambas estarem no trajeto que existia para ir a Alcalá de Henares. Na porção noroeste do Parque do Retiro, a visita é uma boa oportunidade para entrar no parque.


17 – Museu Rainha Sofia

Na lista dos melhores museus de Madri, também o Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, que reúne importante coleção de obras de arte contemporânea espanhola. Inaugurado em 1992, compreende as épocas que o Museu do Prado não abrange, com trabalhos criados a partir de 1881, ano do nascimento de Pablo Picasso. O museu fica onde antes funcionava o Hospital de San Carlos, edificado no fim do século 18.
Na coleção, quadros de pintores espanhóis expoentes da arte, como o próprio Picasso, Salvador Dalí e Joan Miró. Obra mais conhecida do museu, Guernica, de Picasso, lembra o trágico bombardeio aéreo de Guernica, durante a Guerra Civil Espanhola.

Para quem quiser se embrenhar na visita, é bom ter disponíveis algumas horas, dada a extensão do museu. Isso para os verdadeiros amantes da arte moderna. Para curiosos como um todo, o indicado é dedicar pelo menos duas horas para passear pelas obras mais importantes. São vários os horários em que as entradas são gratuitas.

18 – Museu Thyssen-Bornemisza

Em uma soma aos acervos dos museus do Prado e Rainha Sofia, o Museu Thyssen-Bornemisza tem uma coleção de arte também entre as mais importantes da capital espanhola. No acervo, 1 mil obras que o Estado espanhol comprou da família Thyssen-Bornemisza em julho de 1993.
Está situado em um lugar privilegiado, o Palácio de Villahermosa, erguido no fim do do século 18 e símbolo da arquitetura neoclássica madrilenha. O museu é composto de três pavimentos. É indicado iniciar a visita pelo segundo, seguindo ao primeiro e depois ao térreo.
No caminho, a evolução histórica da pintura, com obras que abrangem os séculos 17 a 20, pode ser observada. Em destaque, trabalhos de artistas internacionais relevantes, como Van Eyck, Van Gogh, Caravaggio e Edvard Munch. Entardecer e Encontro, no espaço exterior, são algumas das obras do artista norueguês aí encontradas – a maior parte de sua coleção está exposta no Museu Munch, de Oslo.


19 – Rua Serrano

A Rua Serrano tem o metro quadrado mais caro da Espanha. É famosa por abrigar as lojas mais exclusivas da cidade, e também se destaca pela história e monumentos. Extensa, a via começa na Praça da Independência, passa pela Praça da República do Equador para terminar na rua Príncipe de Vergara. Corre quase todo o Paseo de la Castellana e atravessa vários bairros da capital, sendo a maior parte no bairro de Salamanca.
Mais do que luxuosos edifícios, monumentos e lojas, também reúne inúmeros bares e restaurantes. A origem da rua leva aos anos 60 do século 19. Com a Revolução Industrial, chegava à Espanha a riqueza e a capital estava em pleno andamento. A chegada de imigrantes à cidade, por um lado, e o surgimento de uma poderosa classe dirigente, por outro, mostravam que Madri precisava crescer.

Um dos personagens mais singulares daquele século, o Marquês de Salamanca projetou a construção de um bairro totalmente novo para a cidade nas proximidades de Chamartín, fazendo nascer o atual distrito de Salamanca, com ruas como a Serrano. Desde então, já era cercada de mansões aristocráticas e casas unifamiliares. Foi o próprio Salamanca o criador da primeira linha de bonde de Madri para essa região. A estação estava localizada na esquina da rua Serrano com a Maldonado, e de lá saiu o primeiro comboio, em 31 de maio de 1871, em direção a Portas do Sol.


20 – Teatro Flamenco Madri

O Teatro Flamenco Madri, instalado em uma das salas do Teatro Alfil, é o primeiro teatro de flamenco do mundo. Aí, os amantes do gênero podem desfrutar da essência dessa mais pura manifestação espanhola. O teatro não oferece apenas espetáculos de flamenco. Muito antes, é um centro cultural, representante da arte, e lugar de encontro para entusiastas. Uma sala de teatro versátil, com aproximadamente 300 metros quadrados, distribuídos por dois pisos, com capacidade para 220 espectadores. Fomos, enfim, privilegiados com uma apresentação especial de flamenco em uma noite de emocionar!

ONDE COMER EM MADRI

Quando o assunto é comer bem, Madri tem variedade à mesa. Tem bares e restaurantes para todos os paladares. Aqui destacamos alguns: a Cervecería La Campana, conhecida pelos sanduíches de lula, pratos clássicos de tapas e pela sangria, é um bar urbano e despojado. La Casa del Abuelo é um restaurante centenário que, desde 1906, convida os moradores e estrangeiros a desfrutar das melhores tapas de Madri.

Fundada em 1894 e com funcionamento 24 horas, a Chocolatería San Ginés é um café famoso pelo churros com chocolate, que pudemos degustar – é mesmo uma delícia! Localizada no bairro de La Latina, a La Concha Taberna abriu as portas em 1996. Ao longo dos anos, ampliou o cardápio e atualmente oferece uma variada seleção de vinhos e cervejas, uma carta de tapas e tostas, e o famoso coquetel Manuela, feito com vermute da casa.

ONDE SE HOSPEDAR EM MADRI

Para hospedagem, Madri também tem riqueza de opções. Elencamos três dos hotéis mais agradáveis da cidade, onde ficamos durante nossa estadia. Da bandeira B&B, o B&B Plaza Mayor e o B&B Puertas del Sol. O primeiro está a três minutos a pé da Praça Maior, quatro minutos a pé da estação de metrô da Portas do Sol, e a dez minutos a pé do Palácio Real. É um hotel de descolado, que funciona em um edifício do século 18.

Os quartos e suítes têm piso em madeira, wifi grátis e TV tela plana. Algumas acomodações incluem varanda, sendo a suíte no piso superior com área de estar e terraço privado. As comodidades incluem pequeno almoço de buffet (mediante taxa), sala de TV e leitura, computador para hóspedes e área de lounge na entrada.

O também moderninho B&B Puertas del Sol está situado em um calçadão repleto de restaurantes e lojas. Fica a um minuto a pé da estação de metrô Portas do Sol, a quatro minutos a pé da Praça Maior e a 14 minutos a pé do Museu do Prado.

Os quartos têm decoração descontraída, e contam com wifi gratuito, TV com tela plana, cofre, frigobar e chuveiro com efeito chuva. As acomodações de categoria mais alta incluem varandas e algumas têm vista para a cidade. A estadia de crianças de até 12 anos (uma por quarto) acompanhadas dos pais é gratuita. Há um lounge colorido onde são oferecidos chá e café de cortesia.

Já o EasyHotel Madrid Centro Atocha fica a apenas cinco minutos de carro da Praça Maior e do Museu do Prado, a curta distância de carro também da Portas do Sol e do Parque do Retiro. Tem acesso fácil aos meios de transporte público, a um quilômetro da Estação de Atocha, por exemplo, com linhas de trem nacionais e internacionais. São 230 acomodações e o hotel também é pet friendly.
No nossa lista, nenhum dos hotéis inclui café da manhã, porque têm a proposta de serem hotéis econômicos, mas os da bandeira B&B têm espaço com cafeteria e oferta de produtos gratuitos para a preparação do lanche. As diárias são, em média, a partir de 60 euros.


COMO CHEGAR

Partindo da cidade portuguesa de Viseu, a viagem de ônibus mais rápida para Madri leva cerca de 7 horas 35 minutos. O percurso de ônibus é de 455 quilômetros, e escolhemos a FlixBus para nos levar à capital espanhola. A viagem custa a partir de aproximadamente 20 euros, e existem conexões diretas de Viseu para Madrid, sendo que o ônibus mais rápido nesta rota faz quatro paradas. A passagem pode ser comprada pelo método de pagamento da preferência do turista, incluindo cartão de crédito e Pix e é conseguida, por exemplo, em agências de viagem e guichês de passagem, desta forma com possibilidade de pagamento também em dinheiro vivo. Uma ferramenta em tempo real oferecida pelo aplicativo permite acompanhar a localização do ônibus, informando ainda se há atrasos.